Quanta comida pode-se produzir em espaço urbano?

Uma das grandes questões que giram em torno do sonho da autossuficiência é como produzir comida em espaços confinados. Infelizmente como nem todo mundo pode morar em um sítio ou ter um terreno grande, a maioria de nós tem de se virar em espaços bastante apertados no meio da selva de pedra.

Isso geralmente causa desânimo e as pessoas simplesmente desistem da ideia de que podem produzir algum alimento em casa, acham que é completamente inviável e preferem continuar indo ao mercado. Hoje, vou mostrar alguns contra argumentos.

Fato é que estamos acostumados com o modelo de produção rural, onde temos extensas zonas de terra para cultivar e espaço sobrando para quaisquer que sejam as culturas que vamos plantar. Isso nos dá a sensação de impotência ao olhar para um mísero quintal urbano, onde mal temos espaço para pendurar as roupas.

Lhes convido a ter uma ótica diferente, mais compacta, mais eficiente… Diria até mesmo que “mais japonesa”. Os japoneses vêm produzindo alimentos em suas casas durante toda a história, a maioria morando em cubículos do tamanho da sala da sua casa. A questão é pensar em eficiência e utilizar as técnicas modernas que estão disponíveis a qualquer um para conseguir resultados animadores.

Como vocês sabem, estou fazendo um teste em pequena escala da horta hidropônica, onde criei quatro dutos que me dão produção de até trinta e dois pés de alface. Vejam só como elas já estão atualmente:

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Pés com cerca de vinte dias após germinação

Estão crescendo cada dia mais e provando para mim que é possível sim produzir alguma comida em casa. Claro que ninguém sobrevive comendo só alface, mas o ponto não é esse. O ponto é provar que é possível!

Eu tenho mais outras duas paredes em casa que podem me render espaço para mais cerca de duzentos pés! Se eu manter a produção constante com certeza a salada de casa estaria garantida… Provavelmente até a de outros familiares meus. Devo lembrar que a hidroponia é quase que livre de mão de obra, tudo o que eu preciso fazer é trocar a água de duas em duas semanas.

Enfim, algo que aprendi é que antes de pensarmos em produzir toneladas de comida, temos que começar devagar, criando um canteirinho, aprendendo a cultivar e a lidar com pragas. Não adianta ir com sede ao pote pois ou você erra e desiste, ou o objetivo parece tão impossível que você nem começa.

Plantar não é só um conhecimento chave para sobrevivência e também não é apenas uma necessidade… É também um hobby e uma arte. Cada vez você vai ficando melhor em plantar pés bonitos e saudáveis.

Se você acha que esse é o máximo a ser alcançado, você se engana miseravelmente. Vou postar aqui um pequeno vídeo que achei na internet que me deixou inspirado. Apesar de estar em inglês, se você não souber a língua vá vendo as imagens do quintal da família e continue lendo este post que explicarei melhor:

Esta família acima consegue produzir 2.800kg de comida anualmente em um espaço de 360m²! Para facilitar, imagine que eles consigam produzir quase TRÊS TONELADAS anualmente em um terreno de 12 metros X 30 metros.  E tudo isso a quinze minutos do centro da cidade de Los Angeles!

A família da entrevista cultiva:

  • Mais de quatrocentas espécies de plantas, totalizando anualmente 1.950kg de vegetais;
  • 410kg em ovos de galinha;
  • 450kg em ovos de pato;
  • 12kg de mel;
  • Diversas outras frutas que são restritas a uma ou duas estações do ano.

Isso é feito sem o uso de químicos destrutivos e caros associados à indústria alimentícia. Destes quatro mil metros quadrados eles tiram cerca de 90% da comida diária e a família ainda tem uma renda de 20.000 dólares por ano (depois de terem comido o que precisam para se alimentar).

Esta renda extra vêm da venda dos excedentes da comida que são negociados com restaurantes da região. Fato interessante é que pela comida ser natural e livre de agrotóxicos o valor dela é muito maior.

Claro que a família inteira trabalha em função de manter esta produção toda funcionando, este é o trabalho e a vida deles. Independente de você ter ou não tempo integral para se dedicar a esta produção, o ponto que quero provar é que É POSSÍVEL.

Esqueça o cenário ideal onde você compra sua terra e fica feliz para o resto da vida, se ficar esperando todos pré requisitos acontecerem, nunca sairá do ponto de partida. Se você acha importante saber produzir sua própria comida e alimentar sua família com alimentos naturais que você cultivou, basta se organizar e sujar as mãos. Eu estou no caminho, e você?

Até.

31 Comentários

  • Pingback: Insonia diabetes

  • Finca Survival

    O lote da família norte americana em estão tem 800 m2 praticamente metade ocupado pela casa e demais construções e sobram 400 m2.
    Espaço muito bom pra produção, desde que se use um misto de técnicas alternativas e se use a criatividade, sim e perfeitamente possível.
    Não é algo que me surpreenda, existe uma ideia equivocada que se precisa de muita terra pra cultivar e isso não é verdade.
    Não precisamos ir longe no Brasil tem muitos exemplos semelhantes, procurem em zonas Peri urbanas que se acha muitos exemplos similares.

  • Gilmar p. petelin

    Ola..
    Meu nome é Gilmar, encontrei este blog maravilhoso só agora! Sou biólogo e estou tentando produzir alimentos usando energia elétrica de corrente continua para crescimento de mudas e aceleração do crescimento justamente para ser aplicado em pequenos espaços. Se alguém tem informações do uso de energia elétrica para produção de qualquer vegetal, por favor me envie o material.Se for trabalho cientifico ou simplesmente por curiosidade não importa. Eu preciso é da informação e da imagem. sendo trabalho cientifico pode ser em outro idioma. Pode ser publicação em revistas ou periódicos.
    Parabéns pelo trabalho. vou salvar o endereço deste site para posteriormente trocar informações. Qualquer informação pode ser enviada para: petelin888@yahoo.com.br.

  • Julio,

    Sua informacao esta errada na metragem do terreno da familia Americana. São 4 mil PÉS quadrados, ou seja , um pouquinho mais que 370 metros quadrados.

  • Galera, sei que to atrasado em postar. Mas o pessoal ae reclamando sobre o terreno de 4 mil mt² e etc, foi um erro de tradução bizarro, podem reparar que no vídeo se fala ‘square foots’ ou pés quadrados, 4000sq² = 372 m² !

  • Eu ja estou adaptado com horta urbana, com erros e acertos eu hj consigo produzir 50% de minha comida. quem morar em Cuiaba e quiser conhecer entre em contato. Julio parabens e vamos trocar mais informacoes com a sua ideia de rede.

  • 4000 m2 é um bom pedaço de terra. Um pequeno sítio. Não conheço no estado de são paulo uma cidade com lotes de 4000. Mas o poste é ótimo para mostrar que apesar de não podermos viabilizar a auto-suficiência tão almejada de uma hora para outra, é possível aproveitar os pequenos espaços e produzir algo, principalmente pela prática. Eu moro em um apartamento de 76m2, com uma sacada de 2×1, onde tenho algumas ervas e tomates. É pouco, mas é um começo. vou tentar usar as paredes para cultivar rúcula. abs

  • Edison Johnny Marques

    EM TUDO DE ALIMENTO, É MUITO BOM TER EM CASA E EM PROJETO DE SOBREVIVENCIA ANTECIPADA. OTIMO TRABALHO.

  • Essa postagem foi um tapa na minha cara!
    como o Julio falou, É POSSÍVEL!

    Se aquela família focasse um pouco mais na segurança, seriam Sobrevivencialistas perfeitos!

    Vou tomar vergonha na cara e tentar cultivar mais coisas na minha casa

  • Olá, gosto muito desse assunto e cultivar em casa é uma terapia, que só abandonei por falta de tempo (e relaxamento). Faz 1 mês que minha mulher comprou um maço de almeirão e salsa, ambos vieram com raízes, então após usá-los, plantei as raízes e já fiz 3 colheitas! ´
    Já plantei muita coisa e tenho algumas árvores fruíferas, mas excesso meu terreno tem excesso de umidade, o que acarreta fungos e pragas, como a lesma. Vou experimentar plantas feijões e ser auto-suficiente com esse grão.
    Uma boa dica talvez um aparelho chamado Dr. Plant, que mede o ph do solo, custa em torno de 80 reais.

    • O feijão é muito bom. Além de fonte de proteínas, ele ajuda a fixar nitrogênio no solo, melhorando sua qualidade.

  • Muito bom esse post, temos um terreno na cidade e tiramos dele muita coisa: Milho, pipoca, amendoim, aipim, beterraba, rabanete, cenouras, couve, brócolis, couve flor, tempero verde, cebolas, batata, batata doce, pepino, feijão, feijão vagem.

    Ainda não conseguimos subsistir com ele e nem é o objetivo. O objetivo é apenas complementar e economizar as contas do supermercado. Sem falar que é muito melhor comer um alimento que se conhece a procedência e não tem veneno.

    • paulo americo

      Cara, é isso! Na nossa casa, pai e mãe funcionários públicos e professores, nós sempre tivemos horta e enterrávamos o lixo orgânico no quintal, de modo programado (fizemos um xadrez com uns 80 quadrados de 40 x 40cm e a gente abria, colocava tudo lá, cascas de frutas e legumes, resto de comida, até óleo vegetal e fechávamos). Depois de dois ou tres anos na mesma casa (mudamos algumas vezes por determinação do Governo) a terra tava pretinha e borbulhando! Explodindo de nutrientes! A gente colhia couves com folhas de quase um metro!

  • Tentei plantar uns pes de quentro e salcinha mas nao creceram .voces conhecem algum livro ou manual que de pra baixar quem souber da uma dica ai. Valew.

  • Posso estar enganado, mas pelo que vi no vídeo, eles produzem esse volume de comida (2800kg) em 4.000 pés quadrados, ou seja cerca de 400 metros quadrados!! E isso sim é impressionante. Uma dica para quem quer produzir muito carboidrato em pouco espaço é a batata-doce, que sem grandes tecnologias consegue produzir mais de 2kg por metro quadrado em uma safra (120 a 150 dias) (sendo os melhores índices 8kg por metro quadrado), e plantando outros vegetais (rotação de culturas é fundamental) podemos ter 3 safras ano no mesmo solo. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Sweet_potato
    Espero ter ajudado! Abraços

  • Parabéns brother excelente postagem!

  • André Garcia

    Muito bacana a reportagem! Nunca imaginei ser possível ter uma produção dessas emtão pouco espaço. Abraço. André Garcia.

    • paulo américo

      Olha como é a mandala vertical (veja mais na revista globo rural)

      Passo a passo

      Texto Gustavo Laredo
      Ilustração Filipe Borin

      1>>> Forme a base da pirâmide com as ripas de 1,68 metro de comprimento. Em cada canto interno deste quadrado, pregue verticalmente as madeiras de 1,70 metro de comprimento. Na outra extremidade desses pedaços, fixe horizontalmente as ripas de 30 centímetros de comprimento, formando o topo da pirâmide

      2>>>Pregue horizontalmente na estrutura cada andar da pirâmide, começando da base até chegar ao topo. Para isso, fixe em espaços de 10 centímetros cada as madeiras de 1,50 metro, 1,33 metro, 1,15 metro, 99 centímetros, 81 centímetros, 65 centímetros e 50 centímetros, respectivamente

      3>>>Corte a parte de baixo das garrafas PET. Geralmente, essa embalagem possui pequenas elevações em seu fundo que dão sustentação para que a garrafa fique em pé. Deixe uma das elevações para fazer uma alça e colocar o gancho em forma de S que sustentará a garrafa na pirâmide

      4>>>Recorte a mangueira de acordo com o tamanho das ripas que formam cada andar e prenda à estrutura com o arame de 12 polegadas. Encaixe os joelhos nos três cantos da pirâmide, ligando as mangueiras do mesmo andar

      5>>>No outro canto da pirâmide, coloque verticalmente um pedaço de mangueira e ligue com os Ts aos outros pedaços de cada andar. Ao lado dessas peças, coloque os registros de gaveta, que irão liberar ou restringir a passagem da água nos andares

      6>>>Forre as garrafas PET com o plástico de polietileno ou saco plástico. Coloque uma camada de três centímetros de cascalho e outra de três centímetros de serragem. Deposite a terra até dois centímetros da borda de cada embalagem e plante as mudas

      7>>>Faça pequenos ganchos com o arame recozido e fure a alça da garrafa PET. Pendure as embalagens com a boca voltada para baixo em cada andar da pirâmide, deixando um pequeno espaço entre elas

      8>>>Retire o algodão dos cotonetes. Fure as mangueiras de cada andar com um prego da espessura do cotonete e insira rapidamente as hastes para aproveitar o reaperto da mangueira. Não utilize ferro ou prego quente para não danificar a borracha. Coloque os microaspersores na direção das garrafas

      9>>>Coloque a pirâmide sobre os blocos de alvenaria para que as garrafas PET próximas à base não toquem o chão. Ligue a mangueira à saída de água. Troque periodicamente os cotonetes que possam estar entupidos. Recomenda-se também a rotação de culturas nas garrafas e a adubação com composto orgânico pelo menos a cada 15 dias

      Mais informações: Agência Mandalla DHSA – Av. Rui Barbosa, 1101, João Pessoa, PB. CEP 58040-491. Tel. (83) 3243-0628. comunicacao@agenciamandalla.org.br http://www.agenciamandalla.org.br

  • paulo americo

    Bom dia, Julio! tá na hora de vc conhecer a mandala vertical (a horizontal circular é bárbara, também), em 2m x 2m vc tem 180 vasinhos pra plantar uma horta variada (pois nem só de alface vive o homem), usando terra. Hidroponia é sempre baseada em fertilizantes químicos, ou seja, tóxica à saúde. Só se come se não tiver outro jeito. Abraço, paulo américo, de sp

    • Luciano Santos

      Caro Paulo Américo, os alimentos cultivados por hidroponia não são tóxicos à saúde. Os fertilizantes químicos usados na hidroponia são balanceados para fornecer exatamente os nutrientes que as plantas precisam. E é isso mesmo que as plantas absorvem da terra: compostos inorgânicos.
      Muito se fala de agricultura orgânica (virou até moda usar a palavra “orgânico” nos alimentos comercializados, muitas vezes com o objetivo de cobrar mais caro) mas a maioria das pessoas esquece que as plantas não “comem” matéria orgânica. Quem come matéria orgânica são as bactérias, protozoários, minhocas, etc, que vivem na terra, e transformam esta matéria orgânica em compostos inorgânicos (os mesmos usados na hidroponia).
      O que se deve evitar é o uso de venenos para controle de pragas, isso sim faz mal à saúde. Infelizmente são muito utilizados atualmente no sistema tradicional de produção agrícola (plantação no solo), o que resulta em alimentos com níveis elevados de venenos. Por outro lado, se não usar veneno contra as pragas, não se colhe nada no final. Já na hidroponia, o cultivo é feito em bancadas, longe do chão onde estão a maioria das pragas, e geralmente dentro de estufas, que protegem contra o clima e outros tipos de pragas. O tempo de produção é menor e a quantidade de alimento colhida é superior aos outros tipos de produção, e o principal: não se usa veneno. Se você conhecer algum produtor hidropônico que usa veneno pode ter certeza que ele não está fazendo do jeito correto.
      Eu não conhecia a mandala vertical, vou pesquisar sobre esse assunto. Apesar de ser um entusiasta da hidroponia, também tenho canteiros adubados com compostagem feita aqui em casa, com restos de cascas de alimentos, folhas de árvores, grama aparada, etc.
      Um abraço.

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