Cambirela: O relato completo! – Bota Suja

A nossa jornada ao Cambirela foi um verdadeiro desafio, digno de ser escrito em detalhes aqui no portal. Então… Hoje você vai conhecer todos os detalhes dessa nossa aventura e também aprenderá dicas para poder fazer ela também!
O que é o Cambirela?
Cambirela é um morro situado no maciço do mesmo nome, no município de Palhoça, no Estado de Santa Catarina.
Com altura aproximada de 915 metros, o Pico do Cambirela é o ponto culminante do município e da região, conhecido por suas trilhas de dificuldade média/alta devido a inclinação agressiva do percurso e muitos trechos de escalaminhada.
O morro é bastante conhecido principalmente pela história trágica de um acidente que aconteceu no local em 1949, onde um avião chocou-se contra a elevação, matando 24 pessoas. Moradores locais relatam que até hoje podem haver destroços da aeronave no morro, em locais inacessíveis por trilhas.
Em 2013 outro evento também deu destaque à região: Neve! Devido a uma frente fria que manteve a temperatura entre 0 e 1°C e a alta umidade do ar, os cumes da região ganharam camadas de neve, um fenômeno considerado muito raro de acontecer.

O evento foi chamado de “Alpes Catarinenses”
O morro é uma das opções mais interessantes para os aventureiros que possuem um bom condicionamento físico e boa experiências em trilhas. Por isso… Decidimos topar a briga!
O plano
Para variar, o tempo era escasso e somente dois integrantes de nossa equipe poderiam ir, eu (Julio) e o Anderson. Por isso, decidimos fazer um bate-volta, onde chegaríamos bem cedo na trilha, atacaríamos o cume e voltaríamos antes do anoitecer. Como moramos em Florianópolis a distância de viagem era tranquila e não nos desgastaria, permitindo começar o trajeto com disposição e energia total.
O Cambirela possui várias trilhas, algumas bastante frequentadas e outras conhecidas apenas pelos moradores locais. As mais conhecidas são as que vão pela face norte e outra pela face leste do morro.
Até onde nossas pesquisas nos mostraram, o percurso norte é menor e possui inclinação bastante agressiva, havendo trechos onde é necessário se pendurar em ganchos e cordas, enquanto o trajeto leste é mais longo porém menos exigente em termos de inclinação.
Inclusive, havíamos lido várias recomendações para tomarmos cuidado durante a subida para não entrarmos em uma trilha errada e nos perdermos, até porque existem muitos caminhos secundários abertos pelos bombeiros e defesa civil para combater incêndios que já aconteceram por ali.
Como eu possuo boa resistência para caminhar mas me falta força nos membros superiores (sim, estou trabalhando isso), decidimos pegar a trilha que exigia menos escalada, a da face Leste.
Combinamos que iríamos sair de Florianópolis as 06h00 e começar a trilha no máximo as 07h30, torcendo para o clima se manter estável e sem possibilidade de chuva.
O que levamos
Como nossa jornada seria basicamente de 5 a 8 horas, tentamos levar o mínimo possível. Aqui vai a lista de itens que eu estava levando:
- Calça Pro Mountain Hard Adventure;
- Camiseta Urban Sobrevivencialismo;
- Bota Evasão 1 Sobrevivencialismo;
- Pulseira Action Cord Nautika;
- Mochila Curtlo Mountaineer 55+10L;
- Boné Atirador Sobrevivencialismo;
- Fogareiro Jetcook Azteq;
- Anorak Storm Trilhas & Rumos;
- Refil de Hidratação Curtlo 3L;
- Garrafa de Alumínio genérica;
- Talheres genéricos;
- Saco estanque Sea To Summit 5L;
- Kit de primeiros socorros estanque Deuter;
- Fleece genérico.
Para comer, nada muito pesado, afinal, estaríamos fazendo esforço o tempo todo e deixar a barriga pesada não seria uma boa ideia. Por isso, levamos:
- 6 Barras de proteína com Whey;
- 4 Géis repositores a base de Maltodextrina;
- 2 Miojos;
- 2 sopas Vono;
Sim, poderíamos levar alimentações mais rebuscadas, mas a ideia era manter o peso e volume bem baixo e isso já era mais que suficiente. Além destes itens, cada um levou 4 litros de água e também o equipamento de filmagem, que entre tripés e câmeras somava aproximadamente 2 ou 4kg.
Hora de cair na trilha!
O dia amanheceu bem, sem nenhum sinal de nuvens ou clima possivelmente ruim… Então, hora cair na estrada! Agora você pode acompanhar toda a jornada em vídeo e abaixo vamos continuar com alguns pontos de atenção e dicas para que você possa realizar essa jornada sem se colocar em risco ou passar problemas desnecessários.
Recomendo que você clique aqui para ver o registro da nossa atividade em GPS, feito pelo aplicativo STRAVA. Nele você poderá ver exatamente onde a trilha começa, a inclinação do terreno e quanto tempo levamos.
Dicas que aprendemos na marra
Pudemos aprender muitas coisas interessantes durante a nossa aventura, então vamos sumarizar elas aqui:
- Comece a trilha cedo (no máximo 07h00) se pretende fazer um bate-volta, caso contrário você ficará deseperado(a) se ver que o dia está acabando e ainda está longe do final;
- Use um bom calçado e também uma boa meia. A maioria das pessoas esquece de comprar meias específicas para trilha e paga o preço enchendo o pé de bolhas;
- Leve um ou idealmente dois bastões de caminhada! Eles vão ajudar muito durante a descida;
- Não desafie o clima! Caso o tempo tem previsão de chuva, volte outro dia. Não compre essa briga contra a natureza porque você com certeza vai perder;
- Cuidado com cobras e aranhas. A trilha é repleta de teias com aranhas enormes e a região é conhecida por ter cobras, especialmente no verão. Vá com calma para não gerar um acidente complicado;
- Água, água e água. Depois da metade da trilha, não há mais água! Nós subimos no verão então não sabemos como é na seca, mas encontramos uma bica de água a mais ou menos 500 metros de altura, depois, nada;
- Cuidado com o sol ao se aproximar do cume. Nos últimos 100-200(?) metros você perceberá que a vegetação fica mais rasteira e não há como se esconder do sol forte, então leve um bom boné para ficar protegido;
- Vai na “manha”. Como os trechos são de escalaminhada qualquer pressa pode gerar acidentes, então não dê uma de ninja porque um pé torcido pode gerar um problemão;
- Lembre-se da descida. Não adianta se matar para chegar ao cume, você ainda tem que voltar TODO o caminho que percorreu. Na descida as pernas já ficam mais fracas e acidentes podem acontecer.
Concluindo…
O Cambirela é uma diversão que vale a pena, desde que a trilha seja feita de maneira responsável e programada. Se você pretende fazer um percurso bate-volta os requerimentos de equipamentos são menores mas a exigência física é bem mais intensa, então reconheça suas limitações e verifique que tipo de jornada é melhor para você.
No mais, espero que tenham gostado de acompanhar a nossa jornada e até no próximo desafio!
Até.
Primeiramente parabéns pelo vídeo, ficou ótimo!
1- Qual o GPS que vocês usam para as expedições e trilhas?
2-Tem como acampar no local? Chegar até o topo, acampar e retornar no outro dia.
3- Essa pergunta não é deste vídeo mas vou fazer. Qual altímetro vocês usam? Como o utilizado na Jornada do Pico Paraná.
Obrigado!
1 – “Use uma boa meia. A maioria das pessoas esquece de comprar meias específicas para trilha.” Que tipo de meia específica para trilha é recomendado?
2 – “Leve um ou idealmente dois bastões de caminhada! Eles vão ajudar muito durante a descida.” Que tipo de bastão de caminhada é recomendado?
3 – No final do vídeo você falou que iria descrever “quais equipamentos que deveriam levar e não levaram”. No entanto, não foi descrito. Parece que não faltou nada. É isso?
Boa noite Marcos.
1- Existem meias específicas para prática de hikking ou trekking, basta procurar em lojas de esportes (decathlon, Capital Malagueta, etc)
2- Os bastões são os expansivos para caminhada. Porém, não são todos que se adaptam. Eu particularmente não utilizo para fazer esse percurso. Acho que me atrapalha.
3- Dos itens que eles não mencionaram, eu levaria uma luva fina, só para não machucar as mãos em pedras e galhos. Elas chegam bem calejadas.
Espero ter ajudado, abraços!
Parabéns!
Seria recomendável o uso de luvas para uma trilha desse tipo? Uma luva com as pontas dos dedos (da luva) cortados ou inteiro?
Recomendo luvas inteiras (sem as pontas cortadas) e de um material bem fino, que não tire a sensibilidade.
Att.
Parabéns pessoal!! eu ja subi 3 vezes em 97, 98. Irei me arriscar nesse feriado do dia das crianças 12/out
Parabéns, Júlio e Anderson !
Nada fácil essa trilha…
A respeito do ar condicionado no buraco da pedra, não sou espeleólogo, mas acredito muito tratar- se de um respiradouro de um conjunto de cavernas.
Sugiro, numa próxima aventura, levar um especialista em exploração de cavernas e tentar passar pela fenda e ver se tem acesso ao subssolo.
Muitas descobertas ocorrem dessa forma… tantas pessoas passaram por aí e talvez não tenham percebido a possibilidade.
Força e Honra !
Caveira !
Olá Boa noite
Também percebi essa passagem de ar; muito muito interessante e curioso!!!
Parabens!belo texto ja morei em palhoça e conheco o cambirela um dia vou subir la !
Julio, o consumo de água foi alto ? Dos 4litros sobrou quanto ?
Muito show a materia, mas em relação ao solo e relevo, é favoravel pra quem quer acampar?
Muito boa a expedição mas não tem nada no Strava.
Parabéns e sucesso.
Parabéns a vocês, matéria muito positiva, e realista.
Estou reiniciando meu condicionamento físico, e com certeza a evasão 1 está nos meus planos.
Agradeço a vocês pelo esforço e dedicação.
Sou muito fã de vocês.
Parabéns!