Educação domiciliar no Brasil… É Possível?(Convidado Cypriano) – Sobrecast #13

Será que educar seu filho em casa é possível? Será que é o melhor caminho? Como funcionaria? Vamos conversar sobre esse tema com alguém que está testando na prática!
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Até.
Tema muito bom. Gostei bastante de encontrar esse podcast sobre HS aqui.
Prezado Júlio,
Concordo que a sociedade brasileira está madura para fazer a tentativa de inserir a educação domiciliar na nossa vida cotidiana. Em termos gerais, a educação domiciliar refere-se a não obrigatoriedade de colocar os filhos na escolar formal (escolas públicas ou privadas). É algo que diz respeito à liberdade de escolha do cidadão em matriculá-los ou não matriculá-los na sistema educacional.
Entretanto, causa-me estranheza colocar o “Estado” como uma espécie de ser vivo que personifica o mal contra o cidadão. Com o máximo respeito, notei uma confusão conceitual entre a ideia de Estado, Governo, Cidadão, Indivíduo. Além disso, há um equívoco histórico sobre o “Estado ser contra as pessoas se tornarem em mais instruídas”. De modo bastante sintético, o Estado é apenas a organização que as sociedades encontraram ao longo dos séculos para se organizarem melhor. Neste sentido, existiram e existem inúmeras formas daquilo que chamamos de Estado, expresso notadamente nas Constituições. O conceito de Governo refere-se aos diversos grupos de lideranças da sociedade que comandam o aparato estatal (administração pública) de acordo ou não com a vontade dos cidadãos. Devemos recordar que são as pessoas que fazem o Estado funcionar. Logo, no meu entender, a ideia não é Estado “malzão” versus Indivíduo “virtuoso, do bem”, mas as relações entre os cidadãos e como estes se organizam em sociedade.
Nesta linha de raciocínio, não podemos esquecer que a partir do momento que vivemos em sociedade (no caso atual), surge o conceito de “Cidadão”, ou seja, é aquele “Indivíduo” que vive, usufrui e partilha seu esforços para a “cidade”. A partir do momento que o indivíduo que vive em sociedade usufrui de determinados direitos, ele é obrigado a ter deveres perante a sociedade que vive. É fácil perceber que muitas pessoas que gostam muito de exaltar sua “individualidade” e “liberdade” o fazem dentro de um contexto no qual querem usufruir de tudo que a sociedade produz (hospitais, escolas, policiamento, proteção das relações comerciais etc), porém gosta de asseverar que são livres para afirmarem sua individualidade, entenda-se: certos deveres cívicos não estou disposto a realizá-los e meus vícios devem ser respeitos (mesmo que atrapalhem a vida em sociedade)Desta maneira, perceba que o conceito “Liberdade” deve ser pensado dentro de um contexto determindado, o que mudará sua configuração, ou seja, existe uma liberdade do indivíduo solitário na selva, no deserto etc; no entanto, existe outro tipo de liberdade quando estamos convivendo juntos em uma família, um grupo, uma tribo, uma cidade, uma nação.
No que tange ao Estado e a escolarização dos cidadãos, é necessário verificar de modo específico o perído histórico e qual a necessidade das sociedadse à época dos fatos. Em muitos momentos históricos, as chamadas escolas públicas foram criadas porque aquela determinada sociedade envidou esforços para isto. Por consequencia, a sociedade escolheu lideranças governamentais que organizassem o sistema educacional público e preservasse a liberdade das escolas privadas.
Em suma, a própria discussão ora posta sobre a educação domiciliar no Brasil demonstra que nós, enquanto sociedade, estamos reivindicando a liberdade de não matricular os filhos no sistema educacional seja em escolas privadas ou públicas. Não é o Estado que diz “sim” ou “não”, são as ações dos cidadãos e, por consequencia, as leis promulgadas que regem a organização da nossa sociedade.
Um grande abraço,
Adriano