Os riscos e as causas da uma pandemia

Hoje, no mundo científico, tem-se aumentado o número de pesquisar destinadas ao tema “One Health”, em português Saúde única. O conceito de One Health trata das questões epidemiológicas levando em conta as interações entre a saúde humana, saúde animal, ecologia e prevenção e controle de enfermidades¹.
Isso abre a mente, pois temos que entender que a natureza tem o poder de equilibrar tudo. Quando algo gera um desequilíbrio alguém vai pagar essa conta. Já é sabido de doenças transmitidas do homem para o animal e do animal para o homem chamadas de zoonoses, comportamentos sociais que interferem no meio ambiente gerando distúrbios e doenças nos animais, alterações climáticas devido a poluição que alteram até mesmo a migração de aves espalhando e levando algumas doenças de uma região para a outra ou que a poluição de rios mata e estinguem anfíbios predadores de mosquitos transmissores de doenças para a humanidade, que por sua vez geram epidemias.
Embora esse papo pareça muito de ambientalistas radicais, essas mudanças favorecem o surgimento de novas doenças e a humanidade sempre foi e sempre será um agente de desiquilíbrio da biosfera. Uma hora a natureza tem que equilibrar essa guerra entrando com um mecanismo biológico muito comum e conhecido, as Pandemias. Falando de maneira bem fria uma pandemia tem essa função, eliminar grande parte de uma população para restabelecer o equilíbrio. Inclusive, diversos artigos pelo mundo levantam a existência de uma pressão biologia eminente favorecendo o surgimento de uma nova pandemia.
Em 2005 o cientista Michael T. Osterholm publicou um artigo com o título “Preparando-se para a próxima pandemia” (Preparing for the Next Pandemic). Nesse artigo ele descreve que o vírus da influenza sempre foi uma ameaça global e fala tudo o que os cientistas precisam fazer para realmente estarmos preparados, além de levantar um questionamento se a gripe H5N1 – que na época estava circulando na Ásia – seria a causadora dessa pandemia e se questiona como será o nível de mortalidade, terminando suas conclusões afirmando que isso ninguém sabe.
Podemos falar que foi coincidência que em 2009 o vírus H1N1 gerou uma pandemia matando mais de 18 mil pessoas no mundo no primeiro ano³? E que em 2016 matou mais e 1,9 mil pessoas no brasil4? Acho que não!
“Fagner? Por que você decidiu falar sobre isso em um site de sobrevivencialismo?”
Devido a minha formação vejo muitas pessoas falando do risco de uma pandemia, mas podemos evitá-la? Não! Podemos prevê-la? Não! O que a população, aqueles que estão vulneráveis e que serão os últimos a entender o que está acontecendo pode fazer? Preparar-se! O ponto principal de uma preparação é entender as consequências de uma pandemia. Siga-me no raciocínio.
Temos como referência a pandemia que mais matou que foi a Peste negra. Considera-se difícil, mas não impossível, uma nova pandemia matar mais do que ela matou, que foi 1/3 da população mundial. Imagine isso no cenário de hoje! Com o mundo globalizado, a tecnologia que temos, uma sociedade complexa onde para se fabricar um lápis é necessário comprar matérias primas de cada continente e ter os trabalhadores para fabrica-los.
Toda a nossa sociedade está apoiada em um único pilar: comunicação. Mais especificamente, a internet. Sem internet a grande agricultura não funciona, os grandes produtores responsáveis pela grande produção de alimentos que utilizam colheitadeiras que são guiadas pelos GPS serão incapazes de trabalhar, o transporte rodoviário não funcionará pois o controle logístico das cargas necessitam de sistemas conectados à internet, os serviços públicos só funcionam com sistemas conectado à internet… E para esta comunicação funcional milhões de pessoas no mundo todo trabalham para mantê-la on-line.
Nesse cenário a pandemia aconteceria em uma população mundial de 7,6 bilhões de pessoas e, tendo uma mortalidade de 1/3 da população, restariam apenas 5,06 bilhões de pessoas, um pouco menos que o número de pessoas que habitavam a terra em 1990 há 27 anos atrás. Acha isso pouco? Lembre como era em 1990 e veja quanto crescemos até hoje.
Talvez não voltaríamos a ser como era naqueles tempos, mas o maior prejuízo seria parar de crescer, a estagnação do desenvolvimento humano. O depois é muito difícil prever, mas estar preparado é o melhor caminho.
Texto escrito por Fagner de Moraes de Oliveira, formado em Medicina Veterinária pela PUCPR, Mestre pela PUCPR, Responsável Técnico da Clínica Veterinária Vet&Clin e do Canil Equipe Canídea prestadora de serviços a Guarda Municipal de São José dos Pinhais
² Osterholm, Michael T. “Preparing for the next pandemic.” N Engl J Med 2005.352 (2005): 1839-1842.
³ http://www.redorbit.com/news/health/1893907/h1n1_still_a_pandemic_says_who/
Infelizmente poucos estão de fato preparados para enfrentar algo dessa natureza. Não há investimentos na população para lidar com algo assim. Em condições normais, sempre que há uma campanha de vacinação ou algo semelhante, o público alvo deixa para última hora e normalmente muitos esperam pela prorrogação, já que sempre tem. Quando acontece alguma coisa que deixa a população amedrontada, como o caso da gripe suína, entre outras, todos querem tomar a vacina ao mesmo tempo e nesse caso o sistema não suporta a demanda e entra em colapso. Nesse sentido, se acontecer uma pandemia, vamos ter problemas. Espero que não aconteça. Parabéns pelo texto.
Estar preparado é o melhor caminho mesmo. Li em algum lugar que uma pandemia que provocasse a morte de 25 milhões de pessoas já seria capaz de colapsar a sociedade, pois provocaria o panico nas pessoas, que deixariam de trabalhar por medo do contagio e com isso paralizariam os serviços básicos, causando um efeito cascata. Espero nunca descubramos.
Pandemia tipo no jogo Tom Clancy The Division? esse jogo é legal xD