A importância do grupo

Desde que comecei a pensar em preparação e sobrevivencialismo um aspecto que sempre considerei de máxima importância é o grupo que estará à minha volta em caso de crise.

Convenhamos, todos vocês que já tiveram experiências difíceis sabem que ter apoio de familiares e amigos torna a jornada muito mais fácil. A função do grupo não é somente ajudar na mão de obra, mas dar um senso de propósito para a vida. As postagens que traduzimos do SHTF School demonstram isso claramente, por exemplo.

Alguns exemplos que favorecem a criação de grupos:

– Compartilhar experiências: Como dito acima, compartilhar acontecimentos negativos e positivos com outras pessoas não é somente um bônus, é fator determinante para mantermos nossa saúde mental e superarmos as dificuldades com menos sofrimento;

– Mais pessoas, mais mão de obra: Por mais habilidoso que você seja, só tem duas mãos. Ter um grupo faz com que os serviços de construção, defesa e outros sejam feitos com maior eficiência e menor gasto de energia. As tribos primitivas só sobreviviam pois cada um tinha um papel dentro da sobrevivência do grupo, logo, entenda que a longo prazo ter pessoas trabalhando em conjunto é o que torna a sobrevivência viável;

– Habilidades e formações diferentes: Apesar de sermos empenhados em aprender as mais diversas habilidades, nunca poderemos saber de tudo. Ter outras pessoas contigo pode agregar habilidades diferentes como a medicina, psicologia, engenharia, agronomia e outros aumentam as chances do grupo.

A importância do grupo é inestimável, afinal, o homem só existe até hoje pela sua tendência a formar comunidades e aumentar cada vez mais sua rede de contatos. Inocente é aquele que acha que conseguirá virar um Eremita da noite para o dia e viver sozinho para o resto da vida.

Decidi abordar este assunto hoje pois sinto que existem muitos preparadores com o foco em ser um “lobo solitário”, de lutar contra as adversidades sozinho e defender seu espaço por si só. Porém, lhes digo a partir da minha formação em psicologia que pouquíssimos tem capacidade de enfrentar a solidão em momentos de crise e manter a sanidade mental. Grande parte de vocês (incluindo eu) estaríamos completamente fora da casinha depois de uma ou duas semanas.

Entenda que não adianta ir contra a maré, somos criados geneticamente para sermos sociais. 

Como nota final, reafirmo: Não se deixe seduzir pela ideia de ser o lobo solitário lutando contra tudo e todos e sobrevivendo. Isso não é um filme e você provavelmente ficará insano ou acabará morto pela própria ignorância. Aproxime seus familiares, converse com seus amigos, forme um grupo coeso.

Recomendo que entrem nos Grupos Sobrevivencialistas Estaduais aqui do blog e conheçam pessoas da sua região que estão dispostas a criar conexões mais sólidas.

Entenda que o amigo que riu ao ouvir que você estoca comida será o mesmo ao tentar pular seu muro com uma faca para roubá-lo.

Até.

22 Comentários

  • Quando perguntaram para um sobrevivencialista americano o que levar para um confronto armado ele disse: “leve uma arma longa”. E o que mais? “mais um amigo com uma arma longa”.
    Concordo com ele e acho que isso vale pra tudo. Se for adicionar alguma coisa nas preparações, deixe de lado os equipamentos caros e adicione mais um amigo!

  • Tenho minhas reservas a esta forma de viver a vida em grupo, a integrar bandos, a viver em rebanho, em que sempre tem um mais esperto e inteligente que comanda e transmite ao rebanho ordens bem dadas para que não possam ser contestadas. É geralmente a tática dos líderes intolerantes como se têm amplas notícias na história da humanidade, quer na política, quer nas religiões, ambas lideranças que introduziram e continuam introduzindo, estrategicamente, a noção de que a voz do povo é a voz de Deus, como se isto fosse verdade. A partir dessa falsa verdade repetida fica bem mais fácil a dominação das massas em favor do projeto do líder dessas massas, desses rebanhos e destes grupos coesos. Faço estas ponderações, não para desvalorizar grupos, mas para que seus integrantes tome consciências dos perigos de viver em rebanho, porque tem todos eles estão sob a liderança de legitimados e bem intencionados. Outro perigo, é também viver dependente do grupo, o que aniquila a independência e a criatividade do indivíduo, requisitos indispensáveis ao crescimento e aperfeiçoamento do ser humano

  • André Lobo

    Acabei de chegar e esse foi o primeiro post que li. Gostei muito. Gosto de fazer trilhas e acampamentos, mas faz pouco tempo que comecei a adquirir conhecimento “Sobrevivencialista”. Estou reativando um grupo aqui na minha cidade com meus antigos parceiros de trilhas e acampamentos e discutindo estratégias e técnicas relacionadas ao tema.

  • “Entenda que o amigo que riu ao ouvir que você estoca comida será o mesmo ao tentar pular seu muro com uma faca para roubá-lo.”
    Isso sim me preocupa, tenho várias pessoas que me rodeiam e acham que sou lunático ou doido, e sinto que elas serão as primeiras a chegarem…

  • eddygunslinger

    “Nos somos Ka-tet, somos um de muitos.”

  • Parabéns pela iniciativa! Espero conhecer pessoas mais próximas da minha cidade (Ribeirão Pires)

    Wagner

  • E finalizando (dessa vez, de verdade, rsrs), se você possui um temperamento explosivo, então dificilmente conseguirá manter um grupo coeso sob sua liderança. O líder da equipe é o indivíduo que consegue manter a frieza (ou a sanidade) para tomar decisões rápidas e acertadas, enquanto todos outros estão dominados pelo pânico, pavor, dor ou desespero. O sujeito explosivo é facilmente dominado por uma provocador, perdendo a cabeça e tomando decisões precipitadas e descabidas. O líder é uma fortaleza, na maioria das vezes. Mas até o líder pode ficar abalado. Nesse momento que surgem as lideranças provisórias, que tomam o rumo das decisões enquanto o líder principal se recupera do choque. Não existe aí conflito de lideranças. Já em um ambiente autoritário sempre haverá disputa de espaço e poder, e na hora em que o líder principal fraquejar, um outro tomará seu lugar.

  • Complementando a ideia abaixo, podemos perceber claramente que o maior desafio da atualidade para a boa parte dos sobrevivencialistas é saber lidar com pessoas e conflitos sociais. É nesse aspecto que devemos investir boa parcela de nosso tempo – em criar grupos e clãs de sobrevivencialistas. A ideia do Julio Lobo de criar grupos regionais é excelente, pois aproxima pessoas com mesmos ideais e também problemas semelhantes. No entanto, já vimos no virtual que muitos colegas não percebem que devemos lidar com as diferenças pessoais, sabendo ceder e até mesmo tolerar certas condutas que consideramos inadequadas. Se não aprendermos a suportar e lidar com as diferenças, nunca chegaremos a formar essa equipe coesa que o Julio tanto citou no seu artigo. Do mesmo modo, não conseguiremos nem mesmo manter nosso seio familiar unido, já que não aprendemos a lidar com as crises pessoais que cada ser humano, independente do sangue, internaliza. Enquanto não estivermos dispostos a investir um pouco do nosso tempo nos agrupamentos de sobrevivencialistas, estamos fadados ao fracasso e não duraremos dias sequer em uma crise!

  • Ô assunto espinhoso e polêmico. Acho que esse é o tema em que os sobrevivencialistas nunca chegarão a um consenso. A grande maioria, ao menos, tem buscado entender que é impossível se viver sozinho, isolado em um lugar esmo, longe de qualquer contato com outras pessoas. Lembram-se do filme Náufrago, em que o Tom Hanks cria um amigo a partir da bola Wilson? Pois é, se não tivermos ninguém para socializarmos passaremos a ver amigos imaginários, ou seja, o cérebro entra em paranoia.

    Por outro lado, viver em sociedade, principalmente numa sociedade (ou o que restar dela) imersa no caos requer saber lidar com conflitos e diferenças. O sobrevivencialista que pensa que manterá o controle da situação na base do autoritarismo (dentro da minha família somente eu dito todas as regras) está fadado a receber uma punhalada pelas costas daquele que menos espera. Uma coisa que a história ensinou é que a humanidade não aceita déspotas por um período muito longo – sempre haverá alguém tentando envenená-lo. A liderança, por outro lado, é algo que se conquista, não pela força ou violência, mas pelo exemplo e respeito a todos os membros do grupo, de forma coerente e imparcial.

    Na prática, não adianta querer impor ao seu seio familiar quem vai ser resgatado e quem fica para morrer na hora em que a merda for lançada no ventilador (SHTF). Como dizer para a esposa que a mãe dela (sua sogra) não pode ser levada para BOL porquê a quantidade de suprimentos armazenada não suporta um membro “a mais”. Como deixar a noiva ou namorada do seu filho para trás? Como não levar o avô cadeirante, enquanto os netos estão chorando pedindo para levá-lo? Como deixar para trás um pai, um irmão ou mesmo um amigo de longa data só porquê ele tirou um sarro com você quando você tentou trazê-lo para o sobrevivencialismo?

    Por isso eu defendo planejamentos a curto, médio e longo prazos. Logo, o preparador precisa criar planos e incluir cada vez mais pessoas neles. Meu plano para curto prazo (até 5 anos) prever manter recursos e local adequado para garantir a sobrevivência e segurança (dependendo do tipo de evento crítico) para 5 pessoas por um período de 6 meses. Já a médio prazo (mais ou menos 10 anos) tentar dobrar esse número. Em 15 anos, talvez ter a estrutura capaz de suportar mais de 20 pessoas com relativo conforto por um período de 5 anos, por exemplo. No momento eu penso e me dedico somente no plano de curto prazo – minhas metas futuras estão ainda na fase de mera cogitação.

  • Esplendido esse texto, venho em ótima hora!!!
    Tem muita gente mesmo achando que é o tal que é tão bom quanto o Rambo, mas até o Rambo de vez em quando precisa de ajuda né, quem dirá nós simples mortais.

  • eu so fa de trabalhar, andar, fazer coizas em grupo.
    gosto muito pois um ajuda o outro.

  • “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”

  • Acompanho o blog a mto tempo e nunca comentei… enfim, só para elogiar a postagem, mto boa!! parabéns.

  • Eu estaria em um grupo estadual… se eu tivesse um.
    O DF manda um oizinho magoado de lá do alto do planalto…

    • Heráclio Arcoverde (Tito)

      Pode contar comigo para fazermos um grupo aqui em BSB. Sou ex-militar da Marinha, chefe escoteiro e gostaria de tomar parte caso fizéssemos um grupo.

  • Importante ao formar um grupo: certifique-se que nenhum dos membro fará patrulha na mata com tênis rosa ou macacão azul.

  • muito legal a postagem e para quem tem interesse em aprender mais, os grupos estaduais estão fervendo! estão cheios de pessoas legais, compartilhando idéias e técnicas!
    Um abraço do 13º/MG

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s