Atentado em Suzano: Devemos proibir as armas? (Com Tony Eduardo) – SOBRECAST #005

Infelizmente o silêncio não pode ser mantido. Vamos conversar sobre essa tragédia e refletir como podemos nos proteger melhor para as próximas que virão.
Apesar da conversa bastante ampla, a conclusão é bastante simples: Prepare-se, vai acontecer de novo e cada vez haverão mais mortos. As autoridades estão longe de adotar uma solução viável para proteger nossos jovens e crianças, então temos de tomar a frente e encontrar a nossa maneira de manter nossos filhos vivos.
Até.
Prezado Júlio e Tony, os parabenizo pela reflexão.
Com o intuito de acrescentar ideias ao debate proposto, faço minhas considerações sobre o tema. Desde já, informo que aproveitei o meu comentário posto em outra rede social, que versava sobre o mesmo tema, e apenas fiz algumas adaptações.
Tendo em vista as informações e fatos que os meios de comunicação nos informaram, tenho comigo que a culpa absoluta pertence ao dois homicidas. Não vejo como atribuir nenhuma parcela de culpa à sociedade (aliás, seria muito fácil fazer isso), à família, ao Estado etc. Como foi dito no podcast, não há lógica na loucura. a psiquê humana sempre é um mistério. Não existe uma causa única que provoque este tipo de escolha, logo, também não há uma solução única para evitar que este tipo de personalidade doentia vá cometer um crime ou não.Deste modo, não é possível inferir automaticamente que houve um fato provocador, às vezes, o indivíduo pode ter tido a melhor criação possível pelos pais, boa renda, vivência em ambientes sadios e, simplesmente, escolhe ou é levado por transtornos a cometer crimes diversos.
Dito isto, vou tentar responder o desafio de como podemos evitar ou minimizar os ataques às escolas. Afinal, eu concordo que é o começo, a probabilidade de ocorrer outras vezes deve estar em nossas mentes. Não adentro nos meandros psicológicos, psiquiátricos e sociológicos da questão. Logo, atenho-me a um ponto bem específico e objetivo que são os aspectos de segurança do prédio escolar. Naturalmente, não falo como especialista (se é que exista especialidade em casos assim), baseio-me apenas em observações pessoais dos ambientes escolares.
Sou professor da rede pública de ensino do Distrito Federal e enfrentamos em algumas escola, diversos problemas de segurança que são facilitadores para este tipo de situação, e outras que possuem uma ambiente seguro. conforme descrito a seguir:
a) As escolas que possuem mais grades e portões, além do muro delimitador do terreno da escola, possuem a vantagem de dificultar o acesso de pessoas estranhas ou mesmo pais e alunos ao interior do ambiente escolar. Isto permite a verificação visual do indivíduo que se aproxima para adentrar à escola. Várias vezes, isto evita que pais “alterados”, alunos bêbados ou drogados, indivíduos não pertencentes à comunidade escolar e traficantes adentrem na escola. Naturalmente, as unidades escolares que não possuem este sistema tornam-se mais fáceis à abordagem do individuo que deseje atacar os funcionários e o corpo discente.
b) A presença de porteiros (as) e seguranças nestes acessos das unidades escolares. As escolas que possuem um quantitativo suficiente e bem distribuído pelo perímetro escolar tem um fator dissuasório para possíveis ataques.
c) Os seguranças nas unidades escolares deveriam portar armas de fogo e acessórios (spray de pimenta, bastão retrátil, etc) para neutralização do indivíduo atacante. A arma de fogo é necessária para garantir a resposta rápida, caso o agressor esteja utilizando outra arma de fogo. No Distrito Federal, os seguranças são proibidos de portar armas de fogo nas unidades escolares. Discordo desta política de segurança, justamente, porque não inibe os indivíduos atacantes. Afinal, nenhum segurança ficará na linha de tiro do atirador.
d) Alunos com graves problemas psicológicos ou psiquiátricos, assim como os alunos que são usuários de drogas não poderiam frequentar mais o ambiente escolar. A escola não é feita para lidar com indivíduos que estão sofrendo com estas questões. Afinal, não podemos confundir a escola com clínica psiquiátrica ou local de assistência social. O que tenho visto é que alunos adictos ou mentalmente transtornados (mesmo que temporariamente) são uma “bomba relógio”. Logo, acredito que ficar fora do ambiente escolar para efetuarem seus tratamentos e retornarem posteriormente é uma ação preventiva.
e) Um treinamento para os funcionários e alunos saberem como atuar em casos dessa natureza. Com mais gente treinada nos ambientes escolares, existe a possibilidade do número de vítimas ser menor.
Estas são as minhas sugestões frente à reflexão proposta no podcast.
Um grande abraço,
Adriano
Não é a melhor saída, o direito a pose ou porte de uma arma é inalienável.